Eficiência e Sustentabilidade Energética – chave para a competitividade e acesso a financiamento

A indústria europeia entrou numa nova fase. A adoção de tecnologias e processos orientados para a eficiência e a sustentabilidade energética é hoje condição para competir, exportar e captar financiamento. O Green Deal Industrial Plan e o Net-Zero Industry Act (NZIA) vieram colocar metas e instrumentos claros para acelerar esta transição, premiando quem integra eficiência energética e descarbonização nas suas empresas.

Portugal segue o caminho da estratégia europeia. A Lei de Bases do Clima (2021) estabeleceu a obrigatoriedade de uma estratégia industrial verde e, em março de 2025, a Assembleia da República recomendou ao Governo a apresentação desse documento — um sinal de progresso. Num contexto em que a indústria representa cerca de 27% do consumo de energia e ~10% das emissões nacionais, o que devem fazer as empresas para alinhar as suas operações com os objetivos de eficiência e sustentabilidade energética?

Para além da contribuição para um futuro melhor para as próximas gerações, um grande incentivo para as empresas é o que podem poupar em custos de operação quando investem em eficiência e sustentabilidade energética — poupanças frequentemente muito significativas. Eficiência Energética na Indústria  – Cidades pelo Clima

1) Eficiência energética “primeiro”: cortar custos e emissões

Uma das estratégias para melhorar a eficiência energética é cortar nos custos e nas emissões através de análises sistemáticas do consumo energético para identificar as alterações na maquinaria e nos planos de manutenção mais adequados. Esta é a via mais barata por tonelada de CO₂ evitada e abre portas a cofinanciamento (p. ex., linhas de descarbonização e eficiência no Portugal 2030). A estratégia deve passar por:

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Fonte: ABB News, 2024

A pesquisa da ABB mostra que a eficiência energética se tornou o fator decisivo na escolha de motores elétricos para as empresas | News center

  • Auditorias e planos de eficiência energética (segundo a ISO 50001, digitalização de consumos, variadores de velocidade, otimização de ar comprimido e vapor).
  • Recuperação de calor (economizadores, bombas de calor industriais) e eletrificação de processos térmicos, sempre que tecnicamente viável.
  • Automação e controlo para reduzir perdas de arranque/paragem e desvios de processo.

2) Energia mais limpa: autoconsumo, Acordos de Compra de Energia e comunidades de energia

A volatilidade dos preços de eletricidade é uma das variáveis mais incertas que afeta os custos de produção. Como é que pode reduzir a sua dependência energética enquanto melhora a sua eficiência e garante a proveniência de fontes renováveis?

  • Autoconsumo (instalação de painéis solares) e Acordos de Compra de Energia (ACE) fixam custos, reduzem volatilidade e contribuem para sustentabilidade energética a longo prazo.
  • Comunidades de Energia Renovável (CER) em parques/zonas industriais permitem partilha local de energia e melhor aproveitamento de perfis complementares entre empresas, aumentando a eficiência do uso de renováveis e a percentagem de eletricidade limpa no parque.

3) Condomínios/Parques Industriais com sinergias energéticas

Os benefícios do Ponto 2 previamente mencionados podem ser ainda mais bem aproveitados quando integrados em Condomínios ou Parques industriais. Esta é uma das estratégias com maior relevância estratégica para o futuro da indústria portuguesa, conforme defendido pela ZERO (ZERO — Condomínios industriais como pilar da Estratégia Industrial Verde (artigo)-). Baseia-se na partilha eficiente de infraestruturas, energia, calor/frio e recursos, promovendo economias de escala, redução de desperdícios e ganhos substanciais em eficiência energética e operacional. 

Eficiência e Sustentabilidade Energética
Fonte: Intelbras, 2023

4) Cadeias de abastecimento com menos perdas (e menos carbono)

Uma das maiores ineficiências ocorre antes da produção, nas cadeias de abastecimento. O que pode fazer para reduzir consumos desnecessários de energia?

  • Mapear desperdícios (energia, água, matérias-primas) ao longo da cadeia e identificar os pontos principais de ineficiência energética.
  • Especificar requisitos de carbono a fornecedores críticos (aço, cimento, químicos) e incentivar projetos de eficiência e sustentabilidade energética na cadeia de abastecimento.

5) Emissões difíceis de reduzir: como tratar os “hard-to-abate”

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Fonte: Além da Energia, 2025

Ainda não é possível eletrificar todos os sistemas, mas existem outras opções para estes processos que normalmente envolvem química pesada ou processos de alta temperatura. Estas são as nossas sugestões:

  • Utilização de combustíveis de baixo carbono, captura/uso/armazenamento de carbono (CCUS) quando fizer sentido técnico-económico.
  • Compra em mercados de carbono: para além do mercado europeu de carbono (EU Emission Trading System), Portugal está a operacionalizar o Mercado Voluntário de Carbono — útil para compensar residuais após maximizar eficiência energética e reduzir emissões diretas.

6) Financiamento e incentivos

O futuro da indústria portuguesa é verde, e os incentivos estão mobilizados nesse sentido. Alguns pontos a ter em conta:

  • 20% dos investimentos do PRR são direcionados para a ação climática.
  • 70 M€ do PRR são direcionados para a eficiência energética em edifícios de serviços, dos quais apenas 3.6 M€ foram executados, podendo reabrir avisos.
  • Portugal 2030 e programas complementares apoiam a eficiência energética e descarbonização de processos; energias renováveis e armazenamento; autoconsumo/CER; I&D em materiais e processos de baixo carbono; Reindustrializar/Inovação Produtiva com critérios de sustentabilidade energética.

Mensagem‑chave

A transição verde já está a redefinir preços, condições de acesso a mercado e critérios de apoio público. As empresas que integram eficiência energética, produção renovável e modelos de condomínio energético passam a competir noutro patamar: reduzem custos, aumentam a resiliência operacional e tornam-se mais elegíveis a incentivos. É assim que a sustentabilidade energética deixa de ser um custo e se transforma em valor económico real.

Como podemos ajudar

Na Fund.fw, a área da Frontwave dedicada ao mapeamento estratégico de oportunidades de financiamento, ajudamos empresas a alinhar-se com metas portuguesas e europeias, traduzindo eficiência e sustentabilidade energética em investimentos concretos: identificamos oportunidades, estruturamos candidaturas e transformamos planos em impacto para o crescimento do seu negócio e para o planeta.

Referências úteis

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